quinta-feira, 5 de outubro de 2017

CONHECENDO A CABOCLA JUREMA.

Nesse texto falaremos um pouco da Cabocla Jurema, Cabocla linda, tão
conhecida e tão sagrada para nós umbandistas, que até existe um culto
com seu nome.

Acredita-se até que a árvore da Jurema é sagrada onde reside os
Orixás, e é desta árvore que se faz a base do chá chamado "Daime".

Esta Cabocla linda é a Rainha das Matas, filha mais velha do Caboclo
Tupinambá. Ela teve mais duas irmãs chamadas: Jupira e Jandira, que da
mesma forma que a Cabocla Jurema, são poderosas Entidades de Luz, e
tem seus trabalhos dentro da Umbanda muito bem vistos e respeitados.

A Cabocla Jurema presta sua caridade em qualquer Casa de Cultos de
Umbanda. Faz isso somente por caridade, não admitindo de forma alguma
cobranças pela consulta ou trabalhos. Sua legião é constituída de
grandes Entidades Espirituais, espíritos puros que amparam os
sofredores, utilizando o processo de curas através de passes
magnéticos, ervas e suas vibrações espirituais.

Normalmente a Divina Entidade Cabocla Jurema, quando está
trabalhando, atrai as vibrações de todas as caboclas Juremas, ou seja,
Jurema da Cachoeira, Jurema da Praia, Jurema das Matas, ou de todas as
vibrações que se enquadram nessa força espiritual.

Na realidade todas são uma única vibração que trabalham com
ambientes da natureza, como por exemplo: Lua, Sol, Mata, Chuva, Vento
e todas as vibrações naturais.

A Cabocla Jurema trabalha dentro da necessidade de cada pessoa,
transmitindo coragem e energia. Tem sempre uma palavra de alento e
conforto para aqueles que sofrem de enfermidades, sejam enfermidades
físicas ou mentais.

Essa linda Cabocla nos ensina a entender as dificuldades e nos dá
coragem para suportá-las. Em qualquer lugar onde você esteja, quando o
desespero tomar conta, e a coragem lhe faltar, chame com fé pela
Cabocla Jurema, e sentirá sua força lhe protegendo e lhe amparando.

A Cabocla Jurema, sendo igualmente uma entidade espiritual que
trabalha na linha de Oxossi, é uma "cabocla", ou divindade evocada no
Catimbó, cultos Afro-brasileiros e mais prestigiada e respeitada na
Umbanda.

Sendo Entidade Guia Chefe da Linha de Oxossi, ela trabalha na legião
constituída de grandes entidades espirituais, espíritos puros que
amparam os sofredores e mais necessitados, utilizando o processo de
passes e curas através das ervas e pontos riscados. Chame pela Jurema
nas horas de dificuldade, pois essa cabocla sempre estará ali para
ajudar seus filhos de Fé.

Existem várias dissidências dessa Entidade. Sabendo que a maioria
dos aparelhos de ação da Cabocla Jurema serem filhos e filhas ligados
a Iansã, pois é sua vibração Original, existem ainda outros tipos de
irradiação constituída em vibrações de outros Orixás, fazendo sua
ligação vibratória com Caboclos da mesma linha, conforme relação
abaixo:

Cabocla Jurema da Praia.
Ligação com a Orixá: Iemanjá.
Caboclo de Irradiação: Caboclo 7 Pedreiras.

Cabocla Jurema da Cachoeira.
Ligação com a Orixá: Oxum.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Lírio.

Cabocla Jurema da Mata.
Ligação com o Orixá: Oxossi.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Rompe Mato.

Cabocla Jurema Flecheira.
Ligação com o Orixá: Xangô.
Caboclo de Irradiação: Caboclo 7 Flechas.

Cabocla Jurema do Oriente.
Ligação com o Orixá: Ibeji.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Cobra Coral.

Cabocla Jurema Rainha.
Ligação com Orixá: Oxalá.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Girassol.

Cabocla Jurema Preta.
Ligação com o Orixá: Omulú/Obaluaiê.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Arranca Toco.

Cabocla Jurema da Lua.
Ligação com o Orixá: Ogum.
Caboclo de Irradiação: Caboclo 7 Montanhas.

Cabocla Jurema Mestra.
Ligação com a Orixá: Nanã Buruquê.
Caboclo de Irradiação: Caboclo Araúna.

Como já foi dito anteriormente, a Cabocla Jurema vem na maioria
das vezes com a vibração da Orixá Iansã, portanto não tem uma
especificação a essa Orixá como foi feito acima com os outros Orixás.

A Umbanda tem em Jurema uma força suprema, um respeito digno de
uma rainha, um amor grandioso a essa maravilhosa e linda Cabocla.

quarta-feira, 1 de março de 2017



O Filósofo e o Preto Velho
Texto do Jornal Nacional de Umbanda


Certo dia, um filósofo adentra a uma tenda de umbanda e senta-se no banquinho de um preto velho. Sua intenção era questionar, investigar; enfim, experimentar.
Ao se sentar, o preto velho já sabia o que ele queria, mas mesmo assim saudou-o gentilmente e perguntou em que poderia ajudar. O filósofo respondeu:
_ Meu preto velho, na era da biotecnologia vemos os cientistas avançarem cada vez mais nas pesquisas referentes à manipulação do material genético humano. Além disso, estamos na era do multiculturalismo, de forma tal que a diversidade, inclusive no sentido intelectual, se faz cada vez mais presente. Pergunto eu: _ o que pode um preto velho dizer sobre assuntos de tamanha complexidade?
Preto Velho, com toda sua calma, respondeu gentilmente ao filósofo:
Misin fio, vós suncê (Sic) tem palavra bonita na boca, por causa de que tu és homem letrado (Sic). Nego véio cá, num estudou nem escrevinhou essas coisa. Mas daqui do meu cantinho, aonde os ventos de Aruanda tocam em meus ouvidos, recebo as notícias que vem da Terra. Vejo também com meus próprios olhos e presencio as lágrimas e sorrisos que brotam como flores e espinhos no âmago de meus filhos.
Vou dizer a vós suncê uma coisa. Esse bicho chamado “biotecnologia”, eu sei muito bem como funciona. Misin fio, [bio] vem do grego “bios” = vida. “Téchne” e “Logos” também vem do grego, fio. Logo, biotecnologia é o conhecimento sobre as práticas (manipulação) referentes à vida.
Assim sendo, nego véio é a favor de tudo que respeita a vida e que é usado para o bem. O bem, não só de si mesmo, mas da humanidade. Uma faca pode ser uma ferramenta de cozinha e ajudar a preparar um alimento. No entanto, a mesma faca pode ser uma arma a machucar alguém. Não é a ferramenta, mas sim o que se faz com ela que torna perigosa a humanidade.
Pasmo, o intelectual não sabia o que dizer, tamanha sua surpresa sobre tão sábias palavras. E não só isto, o conhecimento até sobre a origem das expressões que vem do grego, aquela humilde entidade possuía.
Por alguns segundos sentiu um misto de inveja e indignação, uma vez que pensou ser mais conhecedor sobre as coisas da vida que o Preto Velho. Daí então indagou:
_ Você acha que suas opiniões podem superar a luz da ciência? Este, respondeu:
_ Fio, o que nego véio fala, nego véio comprova, pois este nego vivenciou. Caminhou na terra que vós suncê pisa hoje. Sorriu, chorou, se emocionou, amou. Conviveu com homens de bem e também com homens do mal. Fez suas escolhas e por isso é hoje um espírito guia. E só pude aqui chegar porque acertei na maioria das escolhas que fiz. Naquelas em que não acertei, tive que vivenciar novamente, até aprender. Assim como vós, na Terra.
Quanto aos estudos (risos), esse nego véio aqui não frequentou escola na última encarnação. Mas, das muitas encarnações que tive, eu estudei, me formei e, em algumas delas me doutorei. A medicina chinesa, a filosofia grega, a sabedoria hindu; tudo isso fez parte da minha evolução. Da matemática egípcia até os estudos astronômicos de Galileu pude aprender.

E depois de aprender tudo isso, sabe qual o maior ensinamento que obtive misin fio?!
A ter h –u- m- i- l- d- a- d- e.

Por isto, doutor, vós me vês na aparência de um velho escravo brasileiro,
semeador das raízes deste lindo país chamado Brasil, terra da diversidade, da multi culturalidade.
Que cada um formule a sua moral da história.
Porém, questione seus conhecimentos e veja se estão alinhados com os propósitos de simplicidade.

Pois sem ela, não se faz jus a benção do saber...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CARNAVAL E A UMBANDA
"No período de carnaval, muitas pessoas acabam expondo tendências de cunho negativo e os desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites. Através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem, o campo vibratório destas pessoas torna-se propício à atuação dos kiumbas (espíritos obsessores e zombeteiros). Por esse motivo, nos dias que antecedem ao carnaval, os umbandistas fazem firmezas de Exus a fim de fortalecerem-se contra a ação desses obsessores. Os guardiões têm por função impedir que essas energias invadam o espaço daqueles que não comungam com tais comportamentos. Os umbandistas não estão proibidos de brincar o carnaval, mas se faz necessário que tenham responsabilidade consigo mesmos. Afinal, nosso corpo é o primeiro templo".
Por Arashákamá
Carnaval é tempo de festa ou reflexão?
Muitos espíritas ingenuamente julgam que a participação nas festas carnavalescas não acarreta nenhum mal a integridade psico-espiritual. E de fato não haveria prejuízo se todos brincassem num clima sadio, de legitima confraternização. Infelizmente, porém, a realidade é bem diferente. O Espiritismo esclarece que a humanidade está o tempo todo em companhia de legiões de seres invisíveis recebendo boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que se encontre cada indivíduo. Essa massa de espíritos inferiores aumenta consideravelmente nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval.
Nessas ocasiões, como grande parte das pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se intensificam e muitos dos encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos, ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios e suicídios, além dos desvarios sexuais que levam à paternidade e maternidade irresponsáveis.
O Carnaval, conforme os conceitos de Bezerra de Menezes, é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento. A folia já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava Bacanalia; na velha Roma dos Césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, foi chamada de Saturnalia onde nessas ocasiões se sacrificava uma vítima humana.
Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta: o que de uma vez por ano é lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos. Assim, em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo e a matéria com inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.
Mas, do mesmo modo como se pode ser facilmente dominado pelos maus espíritos quando sintonizados na mesma freqüência de pensamento, também se obtém pelo mesmo processo o concurso dos bons, aqueles que agem a favor dos indivíduos em nome de Jesus. Para isso, basta estar predisposto a suas orientações, atentos ao aviso de "orar e vigiar" que o Cristo deixou há dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a prática da caridade desinteressada.
Como o imperativo maior dos espíritos é a Lei de Evolução, um dia todas essas manifestações ruidosas que marcam o estágio de inferioridade tendem a desaparecer da Terra. Em seu lugar, então, deve predominar a alegria pura, a jovialidade, a satisfação com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade.
Por maior que seja a fé de um ser diante de festas como o Carnaval, os riscos de contrariedades e aborrecimentos são muito grandes e para isso é preciso redobrar a vigilância pois como disse o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.
Autor: Texto editado da Revista Visão Espírita. “O Espírita e o Carnaval” de Pedro Fagundes Azevedo
O DESCARREGO - UMA GIRA QUE REQUER MUITA CONCENTRAÇÃO E RESPEITO.
Lembro-me bem daquela noite, há não sei quantos anos quando Capitão Alemão - marinheiro e porta-voz do terreiro ao qual sirvo - chamou seus médiuns de confiança para uma conversa. Ele nos falou sobre o descarrego, algo que para mim até aquele momento era procedimento de igrejas evangélicas, sobre a dinâmica e seu objetivo maior: aliviar o peso dos fiéis. enquanto a conversa rolava acerca dos benefícios do descarrego, meu amigos e eu esfregávamos as mãos ávidos para aprender algo novo e aumentar a firmeza de nossas coroas. foi então que o assunto migrou para os riscos e a forma como o descarrego por transporte se dava no astral. Tremi.
O descarrego por transporte tal qual praticado no Portal dos Orixás é de forma simplificada um armadilha de eguns. O fiel que está tomado por más influências adentra da gira e fica diante da entidade responsável pelo descarrego (usualmente são os Exús que fazem, mas não há restrição quanto à linha a fazer) que lança energias positivas que desprendem os eguns do fiel e o lançam nos médiuns receptores que estão localizados alguns passos atrás do fiel. Como os receptores são pessoas firmes de cabeça, preparadas mental e espiritualmente, elas se tornam verdadeiras prisões para os espíritos ruins que incorporam nos médiuns e sofrem com o peso do preparo de suas coroas, não conseguindo assim desaparecer no astral em busca de outra pessoa para atormentar. Após serem aprisionadas no corpo no médium, a entidade responsável pelo descarrego vá até o egun incorporado e o recolhe no astral enquanto toca a coroa do receptor, fazendo com que o filho de santo volte ao estado consciente. O egun é então encaminhado para os planos superiores para que possa aprender e continuar na senda da evolução. Caso ele ainda guarde rancor e não queira seguir a luz, permanecerá no limbo sob supervisão de algum Exú.
Esta prática requer basicamente quatro tipos de firmeza: do fiel, do Orixá responsável, dos médiuns receptores e da corrente que observa (demais médiuns e visitantes). Se alguma dessas quatro firmezas não estiverem plenas, há o risco de o mau espírito se fortalecer na gira o que pode acarretar em sérias complicações como alguém da corrente observadora ou até mesmo o próprio fiel ser dominado por algum egun presente, ou até mesmo os receptores terem seu espírito gravemente afastado de seu corpo físico e acabando por se desdobrar a lugares inóspitos do plano astral. Neste último caso há chances - ainda que raras - de os danos à coroa do médium serem irreversíveis. Por isso sessões de descarrego devem ser feitas por membros coroados do corpo mediúnico e a corrente observadora deve se manter em oração ou cantando em respeito ao trabalho que está sendo executado diante de seus olhos, evitando comentários sobre as manifestações vistas ali, que são, em sua maioria, desagradáveis.
Eu como médium receptor afirmo com toda certeza que o descarrego é um dos procedimentos mais perigosos executados num templo umbandista, requer preparo e concentração pois há uma enorme diferença entre incorporar um ente luminoso que te purifica e receber em si um espírito de baixíssima evolução que tem como único propósito se alimentar do que te faz bem. Sempre volto cansado desses procedimentos, contudo a felicidade do dever cumprido e os bons amigos espirituais me dão ânimo redobrado.
Aprendi muito com descarregos, já viajei no astral e pude entender o sofrimento desses irmãos desgarrados que por ignorância acabam maltratando seus semelhantes. Neste post deixo a minha homenagem e meu agradecimento a todos os irmãos de fé que se arriscam em prol do próximo em momentos como este.
Axé.

02/2017-MT