quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

CARNAVAL E A UMBANDA
"No período de carnaval, muitas pessoas acabam expondo tendências de cunho negativo e os desejos mais ocultos, desrespeitando-se moralmente para satisfazer prazeres carnais sem limites. Através do alcoolismo, consumos de drogas e libertinagem, o campo vibratório destas pessoas torna-se propício à atuação dos kiumbas (espíritos obsessores e zombeteiros). Por esse motivo, nos dias que antecedem ao carnaval, os umbandistas fazem firmezas de Exus a fim de fortalecerem-se contra a ação desses obsessores. Os guardiões têm por função impedir que essas energias invadam o espaço daqueles que não comungam com tais comportamentos. Os umbandistas não estão proibidos de brincar o carnaval, mas se faz necessário que tenham responsabilidade consigo mesmos. Afinal, nosso corpo é o primeiro templo".
Por Arashákamá
Carnaval é tempo de festa ou reflexão?
Muitos espíritas ingenuamente julgam que a participação nas festas carnavalescas não acarreta nenhum mal a integridade psico-espiritual. E de fato não haveria prejuízo se todos brincassem num clima sadio, de legitima confraternização. Infelizmente, porém, a realidade é bem diferente. O Espiritismo esclarece que a humanidade está o tempo todo em companhia de legiões de seres invisíveis recebendo boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que se encontre cada indivíduo. Essa massa de espíritos inferiores aumenta consideravelmente nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval.
Nessas ocasiões, como grande parte das pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se intensificam e muitos dos encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos, ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios e suicídios, além dos desvarios sexuais que levam à paternidade e maternidade irresponsáveis.
O Carnaval, conforme os conceitos de Bezerra de Menezes, é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento. A folia já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava Bacanalia; na velha Roma dos Césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, foi chamada de Saturnalia onde nessas ocasiões se sacrificava uma vítima humana.
Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta: o que de uma vez por ano é lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos. Assim, em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo e a matéria com inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.
Mas, do mesmo modo como se pode ser facilmente dominado pelos maus espíritos quando sintonizados na mesma freqüência de pensamento, também se obtém pelo mesmo processo o concurso dos bons, aqueles que agem a favor dos indivíduos em nome de Jesus. Para isso, basta estar predisposto a suas orientações, atentos ao aviso de "orar e vigiar" que o Cristo deixou há dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a prática da caridade desinteressada.
Como o imperativo maior dos espíritos é a Lei de Evolução, um dia todas essas manifestações ruidosas que marcam o estágio de inferioridade tendem a desaparecer da Terra. Em seu lugar, então, deve predominar a alegria pura, a jovialidade, a satisfação com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade.
Por maior que seja a fé de um ser diante de festas como o Carnaval, os riscos de contrariedades e aborrecimentos são muito grandes e para isso é preciso redobrar a vigilância pois como disse o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.
Autor: Texto editado da Revista Visão Espírita. “O Espírita e o Carnaval” de Pedro Fagundes Azevedo
O DESCARREGO - UMA GIRA QUE REQUER MUITA CONCENTRAÇÃO E RESPEITO.
Lembro-me bem daquela noite, há não sei quantos anos quando Capitão Alemão - marinheiro e porta-voz do terreiro ao qual sirvo - chamou seus médiuns de confiança para uma conversa. Ele nos falou sobre o descarrego, algo que para mim até aquele momento era procedimento de igrejas evangélicas, sobre a dinâmica e seu objetivo maior: aliviar o peso dos fiéis. enquanto a conversa rolava acerca dos benefícios do descarrego, meu amigos e eu esfregávamos as mãos ávidos para aprender algo novo e aumentar a firmeza de nossas coroas. foi então que o assunto migrou para os riscos e a forma como o descarrego por transporte se dava no astral. Tremi.
O descarrego por transporte tal qual praticado no Portal dos Orixás é de forma simplificada um armadilha de eguns. O fiel que está tomado por más influências adentra da gira e fica diante da entidade responsável pelo descarrego (usualmente são os Exús que fazem, mas não há restrição quanto à linha a fazer) que lança energias positivas que desprendem os eguns do fiel e o lançam nos médiuns receptores que estão localizados alguns passos atrás do fiel. Como os receptores são pessoas firmes de cabeça, preparadas mental e espiritualmente, elas se tornam verdadeiras prisões para os espíritos ruins que incorporam nos médiuns e sofrem com o peso do preparo de suas coroas, não conseguindo assim desaparecer no astral em busca de outra pessoa para atormentar. Após serem aprisionadas no corpo no médium, a entidade responsável pelo descarrego vá até o egun incorporado e o recolhe no astral enquanto toca a coroa do receptor, fazendo com que o filho de santo volte ao estado consciente. O egun é então encaminhado para os planos superiores para que possa aprender e continuar na senda da evolução. Caso ele ainda guarde rancor e não queira seguir a luz, permanecerá no limbo sob supervisão de algum Exú.
Esta prática requer basicamente quatro tipos de firmeza: do fiel, do Orixá responsável, dos médiuns receptores e da corrente que observa (demais médiuns e visitantes). Se alguma dessas quatro firmezas não estiverem plenas, há o risco de o mau espírito se fortalecer na gira o que pode acarretar em sérias complicações como alguém da corrente observadora ou até mesmo o próprio fiel ser dominado por algum egun presente, ou até mesmo os receptores terem seu espírito gravemente afastado de seu corpo físico e acabando por se desdobrar a lugares inóspitos do plano astral. Neste último caso há chances - ainda que raras - de os danos à coroa do médium serem irreversíveis. Por isso sessões de descarrego devem ser feitas por membros coroados do corpo mediúnico e a corrente observadora deve se manter em oração ou cantando em respeito ao trabalho que está sendo executado diante de seus olhos, evitando comentários sobre as manifestações vistas ali, que são, em sua maioria, desagradáveis.
Eu como médium receptor afirmo com toda certeza que o descarrego é um dos procedimentos mais perigosos executados num templo umbandista, requer preparo e concentração pois há uma enorme diferença entre incorporar um ente luminoso que te purifica e receber em si um espírito de baixíssima evolução que tem como único propósito se alimentar do que te faz bem. Sempre volto cansado desses procedimentos, contudo a felicidade do dever cumprido e os bons amigos espirituais me dão ânimo redobrado.
Aprendi muito com descarregos, já viajei no astral e pude entender o sofrimento desses irmãos desgarrados que por ignorância acabam maltratando seus semelhantes. Neste post deixo a minha homenagem e meu agradecimento a todos os irmãos de fé que se arriscam em prol do próximo em momentos como este.
Axé.

02/2017-MT